O Futuro é Agora
Numa recente viagem aos EUA tive a oportunidade de visitar a Biblioteca Presidencial e o Museu de Franklin Delano Roosevelt – FDR como é conhecido pelos norte-americanos. Além de conhecer a respeito da sua vida política, o visitante é apresentado ao ser humano que, mesmo acometido pela poliomielite que o deixou paralítico da cintura para baixo, continuou liderando um profundo movimento de transformação.
Mas este post não é sobre FDR, e sim sobre sua esposa, Eleanor Roosevelt. Lembra aquele ditado, que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher? Pois é, aqui isto não se aplica! Mesmo sendo no início do século XX, Eleanor não estava atrás e sim ao lado do seu marido, numa perfeita parceria.
Eleanor teve uma atuação importantíssima em vários momentos da história do seu país e do mundo. Foi a primeira representante dos EUA na ONU, onde teve uma função de destaque na redação da Carta Internacional de Direitos Humanos. Mesmo após a morte de FDR, ela continuou a batalhar pela democracia e pela igualdade de direitos. Escreveu cerca de 30 livros e mais de 500 artigos, mas foi seu último livro – Tomorrow is Now – que me inspirou a escrever este post. Foi escrito já na sua fase final de vida, muito doente, porque ela afirmava “Tem algo que eu quero terrivelmente dizer“.
Neste livro de 1962, Eleanor aborda temas como as necessárias revoluções mundial, econômica, social e da educação. Também discursa sobre como percebia ser imprescindível o desenvolvimento de uma nova humanidade, em que os mais abastados vivenciassem a vida dos mais necessitados de forma a integrá-los na busca por processos transformadores.
Sua visão era para os 50 anos seguintes, ou seja, para o início desta nossa década. E o que mais me impressionou nesta leitura foi que praticamente nada foi feito! Suas propostas estão tão atuais como há mais de 50 anos. Teria sido uma época perdida?
O apartheid na Africa do Sul, assim como o movimento da Klu Klux Klan nos EUA, foi extinto, mas a segregação racial ainda persiste. A guerra fria entre EUA e Russia não mais existe, mas a todo momento o mundo presencia ações de oposição entre estas duas potências. O comunismo cedeu boa parte de seu espaço ao capitalismo, só que este acabou sendo um processo de aceleração de diferenças socioeconômicas.
Eleanor observou que todas as grandes civilizaçōes do passado desapareceram porque foram incapazes de se adaptar a novas condiçōes, métodos e pontos de vista.
No entanto, afirmava que era possível superar os desafios “com imaginação, coragem e fé em nós mesmos e em nossas causas“. Acrescentava que “devemos aprender a pensar de forma renovada, a reexaminar nossas crenças, para ver quais ainda estão vivas e são reais“.
No tema da revolução da educação, enfatiza que era necessário “preparar a nova geração para lidar com o desconhecido, para resolver problemas que nem poderíamos vislumbrar e para adaptar suas habilidades e seu conhecimento para novas situações que se apresentariam na velocidade da luz“.
Num capitulo, trata especificamente do papel do indivíduo neste processo de revolução. Observa que não houve um esforço para se desenvolver pessoas capazes de terem o hábito de analisar situação e falas e dai resultando suas próprias decisōes. Que é mais fácil agir como robôs! Menciona medo e apatia como forças que justificam este não agir.
Provoca-nos a criar ligas indestrutíveis entre ciências, tecnológicas e humanas, para que o ser humano use as novas tecnologias com maestria, em prol de uma nova sociedade.
Finaliza lembrando-nos que não há espaço para procrastinação, e que o mundo do futuro está no nosso agir, agora!