Sociedade Transformar

10 de novembro de 2017

Envolvimento ou comprometimento?

Em processos de mudanças sempre se espera que os participantes se engajem nas diversas atividades. Mas este engajamento acontece em diferentes níveis, vai desde o envolvimento até o comprometimento. Ainda temos os participantes que acreditam que “ao torcerem para que dê certo”, sem nada fazer, é engajamento. É a velha crença de que quem não atrapalha está colaborando!
Para melhor compreender a diferença entre envolvimento e comprometimento gosto de fazer a reflexão a partir do “omelete de bacon”- para fazermos um omelete de bacon a galinha se envolve fornecendo os ovos, o porco se compromete doando sua pele, e há ainda quem coloca efetivamente a mão na massa! São níveis bem diferenciados de engajamento.
Só que no atual estágio, onde transformações sociais profundas são necessárias e urgentes, é desejável que os participantes efetivamente se comprometam, participando daqueles projetos que acreditam, priorizando onde colocarão sua energia, habilidades e conhecimentos.
Estou trazendo esta reflexão porque, em conversa com outros facilitadores de processos de transformação, temos observado como há uma grande quantidade de pessoas que se propõem a se engajar em vários projetos, em participar de diversos eventos de capacitação transformadora e que, na hora H, apenas se envolvem em parte das atividades ou “pulam fora” justificando diversos compromissos e finalizam com a frase clássica “Depois me conta como foi…”.
Não quero com isto desencorajar a participação, pelo contrario! Busco trazer à reflexão como é muito importante avaliar o efetivo interesse e a real disponibilidade, antes de se engajar num projeto. Seja qual for a ação proposta, esta tem de estar alinhada com o seu propósito de vida naquele momento. Caso contrário este engajamento tende a ser cada vez menor.
E quando uma pessoa, ou várias, se propõem a se engajar num projeto e depois vão saindo pelo caminho, como ficam os demais? Que energia trazem estas saídas para o grupo? Quais as conseqüências para os demais?
Proponho que sejamos mais seletivos e autênticos na escolha dos processos a participar, que avaliemos se temos a disponibilidade necessária e se ações propostas estão alinhadas com nosso propósito naquele momento. Ser menos ativo, menos participativo pode se traduzir em mais eficiência e eficácia na mudança proposta.
E, mesmo assim atuando, se o acaso trouxer situações  inesperadas que te impeçam de continuar algo que começou, seja transparente com seus colegas de caminhada, explique os motivos para deixar o grupo ou diminuir seu engajamento. Assim, se você disser “depois me conta como foi…” vai soar de forma verdadeira.

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