Envolvimento ou comprometimento?
Em processos de mudanças sempre se espera que os participantes se engajem nas diversas atividades. Mas este engajamento acontece em diferentes níveis, vai desde o envolvimento até o comprometimento. Ainda temos os participantes que acreditam que “ao torcerem para que dê certo”, sem nada fazer, é engajamento. É a velha crença de que quem não atrapalha está colaborando!
Para melhor compreender a diferença entre envolvimento e comprometimento gosto de fazer a reflexão a partir do “omelete de bacon”- para fazermos um omelete de bacon a galinha se envolve fornecendo os ovos, o porco se compromete doando sua pele, e há ainda quem coloca efetivamente a mão na massa! São níveis bem diferenciados de engajamento.
Só que no atual estágio, onde transformações sociais profundas são necessárias e urgentes, é desejável que os participantes efetivamente se comprometam, participando daqueles projetos que acreditam, priorizando onde colocarão sua energia, habilidades e conhecimentos.
Estou trazendo esta reflexão porque, em conversa com outros facilitadores de processos de transformação, temos observado como há uma grande quantidade de pessoas que se propõem a se engajar em vários projetos, em participar de diversos eventos de capacitação transformadora e que, na hora H, apenas se envolvem em parte das atividades ou “pulam fora” justificando diversos compromissos e finalizam com a frase clássica “Depois me conta como foi…”.
Não quero com isto desencorajar a participação, pelo contrario! Busco trazer à reflexão como é muito importante avaliar o efetivo interesse e a real disponibilidade, antes de se engajar num projeto. Seja qual for a ação proposta, esta tem de estar alinhada com o seu propósito de vida naquele momento. Caso contrário este engajamento tende a ser cada vez menor.
E quando uma pessoa, ou várias, se propõem a se engajar num projeto e depois vão saindo pelo caminho, como ficam os demais? Que energia trazem estas saídas para o grupo? Quais as conseqüências para os demais?
Proponho que sejamos mais seletivos e autênticos na escolha dos processos a participar, que avaliemos se temos a disponibilidade necessária e se ações propostas estão alinhadas com nosso propósito naquele momento. Ser menos ativo, menos participativo pode se traduzir em mais eficiência e eficácia na mudança proposta.
E, mesmo assim atuando, se o acaso trouxer situações inesperadas que te impeçam de continuar algo que começou, seja transparente com seus colegas de caminhada, explique os motivos para deixar o grupo ou diminuir seu engajamento. Assim, se você disser “depois me conta como foi…” vai soar de forma verdadeira.