O poder para lidar com o desconhecido
Na conferência anual de 2019 da Association for Social Development (ASD), uma associação internacional de coaches e consultores que atuam com base na Antroposofia, o tema foi relacionado à capacidade de se preparar para lidar com aquilo que desconhecemos por completo (I don’t know that I don’t know – não sei que não sei). Vamos entender melhor do que se trata.
Considerando o universo do conhecimento disponível, podemos considerar que:
– o que sabemos de forma consciente (I know that I know – sei que sei) é como uma ilha, quanto mais aprendemos, mais terra acrescentamos à nossa ilha, mas como uma ilha, é cercada de água por todos os lados, ou seja, o que não sabemos é infinito;
– a água rasa, onde conseguimos ver o fundo, é o que conscientemente não sabemos (I know that I don’t know – sei que não sei);
– seguindo mar adentro, chegamos nas águas profundas, onde não conseguimos ver o fundo, mas temos consciência de que está la (I don’t know that I know – eu não sei que sei);
– por fim, na altura das gargantas abissais dos oceanos, não temos a menor ideia do que existe (I don’t know that I don’t know – não sei que não sei).
Com a capacidade humana de desenvolver novas tecnologias e novas formas de comunicação e com o conhecimento disponível no mundo se multiplicando de forma assustadora, a cada dia parece que nossa ilha diminui de tamanho. Por mais que estudemos e nos informemos, é humanamente impossível manter-nos atualizados. Sem falar na evolução do próprio ambiente socio-cultural. Então é vital desenvolver a capacidade de lidar com o desconhecido.
Mas não fomos educados desta forma! Ser um bom profissional requeria manter-se atualizado de forma constante, estar informado das últimas notícias, dominar as novíssimas tecnologias e os respectivos aplicativos. E neste movimento constante dávamos menos atenção ao desenvolvimento de qualidades e capacidades como intuição e presença.
Imaginação, inspiração e intuição são qualidades inatas de qualquer ser humano, mas o seu desenvolvimento depende da forma como fomos criados, os contextos onde vivemos. Leitura de livros desde a mais tenra infância vai propiciar uma capacidade imaginativa, O contato com a natureza e a observação de obras de arte facilitam momentos de inspiração. Práticas espirituais abrem espaço para instantes de intuição.
Escuta ativa, abertura de coração e de mente e presença são capacidades que podemos desenvolver de forma contínua, por toda a vida. Tecnologias sociais como a Comunicação Não Violenta e a Teoria U promovem seu desenvolvimento. Praticas meditativas e contemplativas são os pilares onde se baseiam.
No post “Do indivíduo ao coletivo, um caminho para a transformação social” abordei esta questão de forma indireta. Lá apresentei referências bibliográficas que podem facilitar a compreensão do poder que teremos se nos desenvolvermos para lidar com o desconhecido.
Então, você que está avaliando como melhor se capacitar para o futuro, onde vai investir seu tempo? Quais as competências que deseja reforçar?