Os Dois Papas – esperança renovada para 2020
2019 foi um ano difícil, tanto em nível mundial quanto no familiar. Por mais que buscasse olhar o entorno, procurando o lado meio cheio do copo, a sensação de desânimo começava a tomar conta. O Natal se aproximou e eu continuava nesta vibração energética, que não me é peculiar. Até que assisti ao filme Os Dois Papas. Recebi como um presente de Natal!
Estou certa que este filme faz parte de uma estratégia de marketing, talvez dos seguidores do Papa Francisco, talvez da própria Igreja Católica Romana. Usar obras de arte, como livros, esculturas e pinturas, para transmitir mensagens é uma prática comum há milhares de anos. Isto não me importa, desde que tenhamos consciência do que está sendo transmitido. E, neste caso do filme, a mensagem é de uma proposta de transformações profundas nesta organização, fundada por Pedro há milhares de anos.
No final do século XI Papa Gregório VII publicou o Dictatus Papae, uma série de reformas na Igreja de Roma, dentre elas a visão de que “todos os homens são iguais perante a Deus” e o celibato dos padres. Estas foram reformas necessárias à época que, de alguma forma, propiciaram a transformação social que traria o fim do feudalismo. Agora outras reformas são necessárias para que ultrapassemos as barreiras sócio-culturais-financeiras que impedem a igualdade entre os homens. E é disto que trata este filme. Um Papa com visão ultra-conservadora se retira para que outro Papa, mais alinhado com as transformações em curso na Sociedade, atue a partir de dentro da Igreja, lutando contra preconceitos e paradigmas ultrapassados. Como Papa Gregório VII, Papa Francisco não teve uma vida eclesiástica desde jovem. Talvez isto tenha propiciado um olhar mais crítico para perceber as necessárias mudanças.
Em abril de 2019 tive a oportunidade de assistir a uma audiência do Papa Francisco no Vaticano. Testemunhei a energia que este homem transmite. Relembrando este dia e inspirada pela mensagem do filme, chego ao final do ano com a esperança renovada. Que tenhamos a sabedoria e a coragem do Papa Bento XVI para “nos despirmos daquele papel que não mais nos cabe” e a humildade e a visão sistêmica do Papa Francisco para assumirmos nossa missão no momento presente.
Um 2020 iluminado!