Sociedade do futuro – Sujeito Digital
Durante a pandemia multiplicaram-se as ofertas de eventos ao vivo, gratuitos e de alta qualidade. Fica até difícil selecionar! Então resolvi reservar de 2 a 4 horas por semana para participar daqueles que avaliasse como oportunidades, porque trariam novas experiencias ou palestrantes que tenho grande admiração. Um destes evento foi a palestra com o pensador Domenico de Masi, no Festival Alma.
Domenico fez um resumo histórico do tema trabalho em relação à Sociedade, nos últimos milênios, chegando ao momento atual, transformado pela tecnologia digital associado ao emprego da inteligência artificial. Aproveitei para perguntar como ele percebia a questão dos analfabetos digitais (aqueles que não dominam o uso das tecnologias, não sabem navegar na internet, etc.). Sua resposta foi surpreendente!
Segundo Domenico, a sociedade que se projeta para o futuro estará dividida em duas “classes de sujeitos” – os analógicos e os digitais. Os analógicos com uma visão restrita do mundo, presos a paradigmas, pessimistas em relação ao que nos aguarda. Os digitais seriam aqueles que dominam as tecnologias, pensei eu. Mas isto não basta, segundo ele. Digitais são aqueles que falam vários idiomas, viajam o mundo, tem abertura para o diferente e tem uma visão otimista do futuro. Me enquadrei na hora – sou digital!
Mas, os sujeitos analógicos, o que acontece com eles? Qual o impacto para a Sociedade? Como propiciar a mudança de analógico para digital?
Fico pensando nas centenas de milhares de jovens que, mesmo tendo acesso a internet, estão restritos por conta do idioma. Outras centenas de milhares que nunca saíram de suas cidades e que vem pela TV uma Nova York restrita aos painéis luminosos do Times Square. E penso também nos milhares de jovens que estudam inglês e que viajam para Nova York, mas trocam o dia de visita ao Guggenheim pela ida ao outlet em New Jersey.
Como “acordar” os que tem a possibilidade de escolher ser digital? Sim, porque ser digital é uma escolha que muitos com este privilégio rejeitam. Mas estes tem ferramentas para fazer a mudança, quando perceberem a necessidade.
Mais complicado ainda, como propiciar estas vivências aos que não tem esta possibilidade?
Por vezes sonhei com a ideia de organizar viagens para grupos de jovens de escolas publicas. Passagens seriam ofertadas por executivos que acumulam centenas de milhares de milhas por ano. Redes de hotéis acolheriam estes jovens, como contribuição ao seu programa de responsabilidade social. Projetos de crowdfunding recolheriam fundos para cobrir despesas com alimentação, transporte local e, sobretudo, entrada em espaços culturais. Será que está na hora de transformar este sonho em realidade?
E você, que ideias tem que poderiam contribuir para aumentar o número de jovens digitais?