Da sustentabilidade à regeneração por meio de sistemas de transformação
Há algum tempo se fala de sustentabilidade, da necessidade de empresas e iniciativas sustentáveis. Em 2015 a ONU lançou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Sustainable Development Goals), com metas para alcançarmos até 2030. Conferências, parcerias, projetos, muito se fez neste sentido. Mas muito ficou por fazer!
Com a crise sanitária de 2020 estes Objetivos foram fortemente afetados. Relatórios ainda no início da pandemia já demonstravam os impactos negativos. Por exemplo, no Sustainable Development Report 2020, dos 17 Objetivos cerca de 29,4% eram avaliados como altamente impactados, 41,1% medianamente impactados e os 23,5% restantes ainda não se podia avaliar o impacto.
Mas por conta deste mesmo relatório me conectei a duas redes internacionais que, alinhadas aos mesmos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, têm abordagens distintas e integradas.
A primeira rede é a SDG Transformatiom Forum, um fórum de especialistas que agregaram os 17 ODS em 6 dimensões de transformação (6 SDG Transformations) e com dois princípios chaves: Não deixar ninguém para trás e Circularidade e dissociação. As 6 dimensões de transformação são: 1. Educação, gênero e desigualdade; 2. Saude, bem estar e demográfico; 3. Descarbolização da energia e industria sustentável; 4. Sustentabilidade de alimentos, terra, água e oceanos; 5. Cidades e comunidades sustentáveis; 6. Revolução digital para desenvolvimento sustentável.
A proposta de um sistema de transformação é radicalmente alterar o status quo, por meio de um conjunto de iniciativas locais (explicitas ou não) alinhadas com as seis dimensões. Para acelerar e escalar o impacto, é necessário mapear as iniciativas, convocá-las e aprofundar os níveis colaborativos de aprendizagem e de ação.
A segunda é a Regenerative Communities Network, um rede internacional de iniciativas que traduzem, na prática, as propostas do SDG Transformation Forum. Com o foco na quinta dimensão – Cidades e comunidades sustentáveis, identificam quais as outras 5 dimensões devem ser trabalhadas em conjunto, naquela localidade, para regenerar a comunidade. Visão sistêmica e de longo prazo, colaboração de diferentes atores, liderança engajada, desejo de co-criar um futuro de abundância e inclusivo.
Para minha surpresa descubro como referência desta rede internacional o Sinal do Vale, iniciativa liderada por Thais Corral. Ja estive no Sinal do Vale varias vezes, inclusive em 2012, como co-facilitadora do Laboratório de Mudanças para desenvolver a resiliência das cidades serranas do Rio, promovido por Thais. Sabia que Sinal do Vale fazia parte de uma rede internacional em prol da agrofloresta. Mas foi necessário fazer esta volta toda para absorver o propósito desta iniciativa.
Liguei para Thais, conversamos sobre as duas redes – ela também é referência no SDG Transformation Forum. Entendi que o caminho, apesar de ter sido mais longo, me possibilitou melhor compreender a aplicabilidade dos conceitos. E mais, me permitiu entender que a Sociedade Transformar já nasceu com este impulso. Mas faltava se desenvolver e buscar novos parceiros para colocar suas capacidades a serviço da Sociedade.