2020 – o ano que durou 15 meses
No último post – Viver o momento – escrito em dezembro de 2020 estava com o ânimo em alta, possivelmente energizada pela presença de minha neta. Foram quatro semanas onde tive a oportunidade de participar de seu universo, com brincadeiras da infância como pular corda, andar de patinete, ficar na piscina por horas, etc. Ela e seus pais retornaram para sua casa e nós ficamos aqui, à espera da vacina. No Brasil e no mundo todo, todos ansiosos pelo precioso liquido que nos protegeria, mesmo que parcialmente, do vírus que paralisou o planeta.
Não vou comentar aqui as implicações de decisões governamentais, nem as atitudes suspeitas de empresas farmacêuticas que atrasaram a entrega para alguns países, mas adiantaram para outros que pagavam mais pela dose. Vou focar minha narrativa na sensação pessoal de que o ano de 2020 não havia acabado, apesar da virada do ano.
Os problemas econômicos e sociais se agravaram. Mais empresas fechavam, mais pessoas eram demitidas. Mais pessoas morriam. Uma nova onda mais devastadora se anunciava. Apesar de todos os meus esforços para manter-me ocupada e produtiva, comecei a sentir um grande desânimo. Mesmo os planejamentos de curto prazo não se sustentavam. O curso na Suíça, que seria em fevereiro, foi adiado, mais uma vez. E a vacina começou a chegar devagarinho.
Meus pais foram vacinados logo no inicio, um presente de aniversário para eles. Lá nos Estados Unidos, filho e nora foram vacinados em março. Meu marido e eu continuávamos aguardando e mantendo todas as medidas de prevenção. Até que, em meados de abril, chegou a nossa vez. Sim, era apenas a primeira dose, mas já era a sinalização de um novo contexto, de um novo ano.
Me emocionei ao ir com meus pais tomarem vacina. Me emocionei quando meu filho e minha nora foram vacinados. Me emocionei quando eu e meu marido fomos vacinados. Me emociono a cada post de amigo, registrando ter sido vacinado. É como se, finalmente, o ano de 2020 se despedisse e desse passagem para um novo ano.
A pandemia ainda estará presente em nossas vidas, em nossas conversas e nas mídias por vários meses, possivelmente anos. Mas eu percebo que estamos virando uma página na história da humanidade. Sou otimista. Meu ânimo voltou.