Emirados Arabes – 50 anos de inovação
Em dezembro de 2021 os Emirados Árabes Unidos celebram 50 anos de fundação, quando deixaram de ser colônia britânica. São 7 emirados que se reuniram em torno do sonho de dois homens, os Emirs de Dubai e Abu Dabi àquela época. Vilas de pescadores de pérolas deram origem às cidades futurísticas.
Em fevereiro de 2008 meu marido e eu tivemos a oportunidade de fazer um cruzeiro pela região do Golfo Pérsico e explorar Dubai por alguns dias. Esta cidade já demonstrava sua potencialidade – centro turístico e hub de negócios.
O ritmo de obras era alucinante, para onde olhávamos percebíamos dezenas de guindastes enormes construindo arranha-céus – o Burj Kalifa, atualmente o mais alto prédio do mundo, era uma destas construções. Passávamos por obras de linhas de metro que ligariam o centro (ainda incipiente) a áreas no meio do deserto.
Já era realidade um mega aeroporto e um porto modernos, mas com baixa ocupação, e um centro comercial gigante com um pista de sky indor, no meio do deserto.
Em novembro de 2021, quase 14 anos depois, voltamos a explorar Dubai, desta vez como parte da programação dos Caminhos dos Sentidos Egito e Dubai. Apesar de acompanharmos a evolução da cidade à distância, nos surpreendemos como a cidade cresceu!
O hotel em que nos hospedamos em 2008, a única construção na praia de Jumeirah naquela época, praticamente não é percebido hoje por estar cercado de prédios altíssimos, na beira de uma moderna zona de pedestres cheia de bares e restaurantes. Na foto, uma vista da Marina e da Praia de Jumeirah em 2021. O hotel de 2008 é o pequeno prédio branco no meio da imagem.
O Mall of Emirates, aquele centro comercial com pista de sky, está cercado de prédios residenciais e hotéis. Na foto o risco verde é a iluminação exterior da pista de sky.
As linhas de metro se estendem por dezenas de quilômetros, partindo de um centro comercial e de negócios agitado passando por inúmeros bairros residenciais. Ao lado do Burj Kalifa, vários outros prédios grandiosos dominam o moderno centro de Dubai. O deserto agora está um pouco mais distante do mar!
E ao que se deve tal desenvolvimento? A um grupo de beduínos que logo compreenderam não poderem encarar a fortuna advinda da exploração do petróleo como única fonte. Entenderam que aquela riqueza deveria ser usada com inteligência, investida em saúde, educação e desenvolvimento do país. Implementaram uma visão de futuro que contrariava os modelos de desenvolvimento de negócios. Por exemplo, a construção do Mall of Emirates, com suas centenas de lojas e uma pista de sky indor, não atendeu a uma demanda, mas buscou criar esta demanda. O projeto do aeroporto e do porto também seguiram politicas de incentivos diferenciadas para atrair parceiros.
Quando visitei os Emirados em 2008 conheci um pouco de sua história, mas agora tive a oportunidade de visitar o Etihad Museum, onde a trajetória da criação desta jovem nação é apresentada.
E aprofundei este conhecimento lendo o livro Mon Histoire (Minha história), de Mohammed Bin Rashid Al Maktoum, atual emir de Dubai, Vice-presidente e Primeiro Ministro dos Emirados Árabes Unidos. Para quem gosta de história, de geo-política e de biografia humana é muito interessante.
Mohammed não só apresenta sua história de vida, mas nos dá a conhecer homens visionários, que desafiaram a lógica dominante, para colaborarem na construção do que hoje presenciamos. Ele também detalha conflitos relevantes no mundo árabe e comenta seu ponto de vista sobre estes conflitos e sobre os governantes dos países envolvidos.
Tendo sido o mais novo Ministro da Defesa (com cerca de 21 anos) na época da fundação dos Emirados, priorizava economizar nas compras de armamento de modo que houvesse mais recursos a serem investidos em saúde e educação.
Desde sua primeira viagem ao exterior, quando acompanhou seu pai na ida a Londres para negociar com o Primeiro Ministro britânico a autorização para construir o aeroporto de Dubai, Mohammed, então com nove anos, já sonhava com um aeroporto tão grande quanto Heathrow. Hoje, o aeroporto de Dubai é o maior do mundo!
A mídia internacional noticia problemas com Direitos dos trabalhadores e Igualdade de Gênero. Os recentes valores reportados para os ODS dos Emirados também demonstram esta realidade. Há um longo caminho para percorrer para que esta nação se transforme na referência de país para o mundo árabe, que é o desejo expresso por Mohammed neste seu livro.
O que me motivou a escrever este post foi, sobretudo, a constatação de como é importante estarmos abertos a conhecer aqueles que são tão diferentes de nós, em termos de cultura e de crença. Como podemos nos surpreender quando suspendemos nossos prejulgamentos!
Se voce tiver oportunidade de viajar para os Emirados, aproveite. Até 31 de marco de 2022 você ainda poderá visitar a Expo Dubai, uma atração a parte. Estou certa de que você também irá se surpreender.