Um chamado para ação
Dizer que Dalai Lama é uma inspiração é cair no lugar comum. Raro encontrar alguém que não se sinta tocado pela energia deste sorridente senhor de 80 anos. Contudo, é mais do que inspiração o que encontrei na leitura do livro Uma Força para o Bem – Uma visão do Dalai Lama para o nosso mundo, de Daniel Goleman.
Neste livro, escrito a pedido do próprio Dalai Lama, o autor e seu interlocutor nos convidam a refletir sobre questões como as crises mundiais advindas das mudanças climáticas, das guerras, da escassez de água e alimentos, do consumo exagerado e, também, da falta de ética de parte da humanidade. No entanto, a proposta não é apresentar o contexto atual, muito menos buscar “culpados”. O que me motivou a escrever este post é exatamente o chamado para ação!
Dalai Lama e Daniel Goleman apresentam as questões de tal forma que, em quem se permite abrir ao chamado, surge uma energia que nos move a alterar hábitos. Pequenas ações individuais, como apagar uma lâmpada quando ainda está claro lá fora, são formas de contribuirmos, no dia a dia, para a solução destes problemas mundiais.
“Devemos agir com a perspectiva, não é para minha geração, mas para a próxima. Devemos pensar no longo prazo“, explica Dalai Lama a Daniel, quando ele lhe pergunta das pessoas que não se sentem motivadas a agir, por não verem os resultados de seus esforços.
Voltando ao tema, apagar a lâmpada quando ainda está claro lá fora, ao ler este comentário do Dalai Lama, na mesma hora me lembrei de uma visita que fiz a uma escola primária na China em 1996. Era final de tarde, a sala estava na penumbra e todas as crianças estavam sentadas bem próximo umas às outras e às janelas. Perguntamos se havia algum problema com a energia elétrica e a professora naturalmente respondeu que não, que as luzes estavam apagadas porque havia luz lá fora. Ainda acrescentou que as crianças sabiam que deviam se sentar mais próximas das janelas e aproveitar a luz natural, porque não fazia sentido desperdiçar a energia elétrica!
Com esta lembrança em mente, olhei pela janela e vi que havia luz lá fora. Dentro de casa, a lâmpada estava acessa porque a sala estava na penumbra. Peguei o livro, apaguei a luz e fui para a varanda concluir minha leitura, aproveitando a luz natural! Desde então, observo se posso abrir as cortinas ao invés de ligar a luz, tendo mais consciência de um hábito tão comum como acionar uma lâmpada!
E falando em mudanças de hábitos, no livro é apresentado um estudo feito na Universidade de Harvard onde podemos avaliar nossa pegada ecológica (footprint), assim como as ações que podemos realizar para compensá-la (handprint). Vale a pena conferir as ações sugeridas e ver que hábitos podemos implementar, fazendo assim mais uma parte para o bem: http://www.handprinter.org
O livro não se resume a questões materiais. Dalai Lama e Daniel Goleman aportam conhecimentos científicos e experiências práticas relacionadas a temas como superação de sofrimento, compaixão, reforço moral e ético. Também neste ponto somos chamados à ação, desta vez interiormente. Dalai Lama diz que “Nossos verdadeiros inimigos são as nossas tendências destrutivas” e ele nos encoraja que, cada um de nós, esteja mais ativamente a cargo de nossas próprias mentes.
Permeando todo o livro, o tema educação, como a solução no médio e longo prazo! São apresentadas várias ações e projetos que buscam reforçar virtudes como paciência, equanimidade, justiça, etc. e a educar crianças e jovens para lidar socialmente com emoções. E os adultos não estão excluídos, pelo contrário, são chamados a liderar este processo, começando com filhos, sobrinhos e netos, sendo o exemplo. Sem falar na nossa criança interior, que está sempre disposta a explorar o novo!
Veja aqui o que mais nos tem inspirado!