21 de outubro de 2018
Baviera: da Oktoberfest e de Dachau
Em 2018 os Caminhos dos Sentidos tiveram como destino a Baviera, região ao sul da Alemanha. Famosa pelas cidades medievais de Heidelberg, Rothemburg obre der Tauber, Augsburg, dentre outras, e pelo castelo de Neuschwanstein, que inspirou Walt Disney quando construiu o castelo da Cinderela. Sua capital, Munich, mescla a tradição medieval da Prefeitura, em cuja torre as 11h acontece um teatrinho com bonecos que contam uma luta entre cavalheiros, com a modernidade do Parque Olímpico de 1972 e com a sede da BMW. Não é a toa que boa parte das atrações está na Rota Romântica, que atrai milhares de turistas a cada ano.
Munich anualmente é palco de um dos mais conhecidos e procurados eventos internacionais – Oktoberfest. E numa viagem onde exploramos os sentidos, tínhamos que aproveitar a oportunidade para vivenciar a experiência! Mesmo preocupados com possíveis problemas de segurança, resolvemos participar. Mas a organização é excelente, começando no metro sinalizado e repleto de fiscais. O local é cercado e policiado e há revista para entrar. Lá dentro, mais seguranças privados e policiais, que intervém prontamente caso alguém passe dos limites. Muita comida e bebida, e a maioria dos alemães com seus trajes típicos. Uma festa, que aconteceu pela primeira vez em 1810, quando se celebrou o casamento do Imperador da Baviera por duas semanas. Dai a tradição!
Mas Munich também tem um outro destino não tão romântico assim. Trata-se do campo de concentração de Dachau. Projetado para abrigar até 30 mil presos que se opunham à política nazista de Hitler, chegou a ter mais de 140 mil presos de uma só vez, incluindo judeus, negros, religiosos, mulheres e crianças. Além de ser um campo de concentração, era um centro de pesquisa – práticas de como lidar com os presos e experiências médicas eram aqui testadas. Se funcionassem, eram “exportadas” para os outros campos de concentração. Sabiamos que seria uma visita tensa, mas resolvemos fazê-la assim mesmo. Numa viagem de desenvolvimento humano, que é a proposta dos Caminhos dos Sentidos, não poderíamos ignorar esta terrível parte da história da humanidade.
Inicia-se a visita pelo centro de informação do campo, onde painéis apresentam o contexto econômico e social que propiciou o surgimento do nazismo e a chegada ao poder de Hitler, e tudo que aconteceu naquela época e nos campos de concentração. Em seguida pode-se visitar as instalações onde viviam os presos, quando não estavam nos trabalhos forçados. A dignidade humana ali era nenhuma! No fim do terreno, instalações de várias religiões buscam ser centros de cura para tão crueldade…
Mas a visita ainda não acabou! Um portão nos leva a um prédio onde presos eram exterminados em massa. Eles iam para ali pensando que tomariam banho e que seriam levados para hospitais ou outros campos, já que dali ninguém retornava… Ao invés de água vindo de cima, gases mortais eram liberados de canos nas laterais. E os corpos eram depois cremados na sala ao lado. Não se tem o registro de quantos ali morreram, mas estima-se que foram milhares.
Na vida, como nesta viagem, temos que estar abertos para conhecer o bom, o bonito, o que nos traz alegria. Mas devemos, se queremos evoluir enquanto humanidade, aprender com o mau, com o feio, com o que nos deprime. Aprender a reconhecer as sombras, antes que elas sejam capazes de ofuscar a luz.