Não simplifique problemas complexos.
Na solução de problemas, nas aulas de matemática, física ou química, eram comuns as condições de contorno, uma série de critérios que ajudavam na solução, por criarem ambientes isolados de seu contexto. Mas esta técnica não pode ser aplicada na vida real, porque nada está isolado, a interdependência é universal.
Em temas como reforma da previdência, refugiados, Brexit, coletes amarelos, tão presentes na nossa atualidade, observo argumentos que não levam em conta inúmeros fatores. As pessoas se posicionam, a favor ou contra, sem ter um mínimo de informação. Problemas complexos devem ser profundamente estudados e debatidos. As soluções possíveis não devem ser ajustes em soluções do passado, porque, assim, apenas postergamos os problemas. E, possivelmente, geraremos problemas ainda maiores.
Por exemplo, no caso da reforma da previdência, vários países, com distintas tinturas políticas, estudam o que fazer para garantir a sustentabilidade do processo. As condições, quando da criação deste modelo econômico-social de suporte a aposentados e seus dependentes, foram se alterando com o passar do tempo. A pirâmide social se inverteu, a tecnologia deslocou o homem de atividades braçais para intelectuais, os anseios por bens materiais multiplicaram-se, a expectativa de vida aumentou, só para citar alguns fatores que deveriam ter sido levados em conta há algumas décadas.
Na busca por soluções para problemas complexos é essencial ampliarmos a capacidade de anteciparmos o futuro, de percebermos o que vai mudar no contexto. Propor soluções simples, considerando apenas a evolução dos padrões atuais, é enxugar gelo.
Em vez de nos posicionarmos, contra ou a favor, proponho que ampliemos nossos horizontes, tenhamos uma escuta ativa, contribuamos no compartilhamento de informações relevantes. E, sobretudo, façamos uma análise crítica de como podemos nos comprometer com soluções sustentáveis.